Categorias
Fim de Jogo

Thomas Was Alone

Verdadeiramente sozinho.

Originalmente publicado em 27/01/2014

O Homem Bicentenário, Gigante de Ferro e Eu, Robô são exemplos claros da humanização de inteligências artificiais, nos três casos encontrados em estruturas robóticas.

É uma temática bastante explorada em ficção científica, estabelece debates interessantes sobre a criação artificial de seres pensantes e como a sociedade reage a eles. Isso é visto como um erro, uma máquina essencialmente não deveria demonstrar emoção.

Thomas demonstrou emoções. Para os engenheiros e programadores da Artificial Life Solutions, era um defeito causado por um pico na conexão interna da empresa, Thomas reconhecia sua existência como um quadrado vermelho e um pulo de dar inveja naquele espaço 2D que se encontrava.

Resolve então, sair por aí, tentando descobrir seu verdadeiro propósito naquele mundo e quem sabe achar companhia.

Surgindo do tempo livre de Mike Bithell enquanto empregado da Blitz Games, Thomas Was Alone começou como um jogo feito em flash em 2010 e tornou-se esse jogo minimalista sobre quadriláteros completo em 2013.

Com o minimalismo influenciado por Piet Mondrian e pelo movimento Neoplasticista, bate de frente com a busca do Vale da Estranheza dos jogos modernos com gráficos ultrarrealistas, onde conseguimos demonstrar afeto com formas simples. Assim como Thomas, nos preocupamos com Chris, John, Claire, Laura, James, e Sarah, que são nada mais que quadriláteros coloridos.

Esse afeto se dá não só pela escrita de Bithell, mas pela narração do comediante Danny Wallace, como ele próprio diz:

“Meu trabalho era fazer com que você se importasse com esses blocos como se eles fossem pessoas reais. Mas eles já pareciam muito reais para mim, sério, apenas obedecendo o universo que o Mike criou tão brilhantemente”

Embora seja um jogo de plataforma focado em puzzles, ele não requer muito esforço do jogador. São cem fases de puzzles sucintos com controles rígidos, música procedural, quadrados e retângulos coloridos, que não levam nada além de quatro horas para serem terminadas. E isso é ótimo.

Ele consegue suprir essa falta de dificuldade com um design de fases impecável, onde tudo funciona e por mais simples que seja é quase impossível não esboçar um sorriso e pensar o quão genial você foi em realizar aquilo.

Os sete quadriláteros recém conscientes são diferentes. Cada um possui um formato, uma cor e realizam algo diferente, sendo personagens de videogame esse “algo” é uma habilidade especial que funcionará em determinados momentos para obter êxito em uma fase.

Combinar as forças e superar as diferenças. Esse é o conceito onde Thomas Was Alone se baseia, a relação interpessoal chamada de amizade.

Chris, o quadrado bege, pula muito baixo e quase não consegue subir em uma plataforma, mas se subir em cima do Thomas e depois no John, consegue. Caso haja um obstáculo aquático, Claire ajuda-o ficando submersa e funcionando como uma plataforma.

Cada personagem tem suas qualidades e defeitos que interagem com os outros e com a fase em questão. E você tendo que controlar essa situação, aumenta seu afeto por eles que, por consequência, fortalece o laço entre os quadriláteros.  

Por mais que seja um jogo curto e pouco desafiador, Thomas Was Alone resolve transmitir uma experiência deveras divertida e impactante.